Imagine que você é dono de uma papelaria e alguém que precisa de um
caderno entra te perguntando o preço do caderno que ele precisa. Você
passa para ele o preço, o cliente acha injusto e sai da sua papelaria
criticando a sua empresa. Outro cliente, que também precisa de um
caderno, entra na sua papelaria no mesmo dia, momentos depois do
primeiro cliente ter entrado, te pergunta o preço do caderno que ele
precisa e sai de lá com o caderno numa sacola após ter pago o preço que
você o havia informado, satisfeito com o produto que comprou e o serviço
que recebeu. É natural que um negócio, qualquer que seja ele, tenha uma
taxa de rejeição. Porém, como nós, empreendedores, devemos lidar com a
situação exposta acima e tantas outras negativas que acontecem no nosso
dia a dia, de modo a não nos abalarmos mais no exercício do nosso
propósito de empreender? É isto que trago no artigo de hoje:
questionamentos acerca do nosso desempenho enquanto empreendedores
lidando com feedbacks negativos de clientes.
Quanto mais responsabilidades, mais risco
Enquanto eu não dirigia um carro, não corria o risco de matar alguém
atropelado. Enquanto eu não trabalhava por conta própria, não corria o
risco de passar um mês inteiro sem dinheiro. Enquanto eu não sabia o que
era contratar funcionários, não corria o risco de ver meus projetos e
minhas palavras afundarem por conta da falta de responsabilidade deles.
Somente hoje eu corro o risco de matar alguém atropelado, passar o mês
no vermelho ou deixar de entregar algo que eu prometi. É incrível como
uma falha no nosso currículo coloca em risco tudo de bom que fizemos na
nossa vida profissional. Você já parou para pensar que quando algo dá
errado na sua vida, tudo que você tinha feito de bom parece ter sumido
dos olhos daqueles que lhe apontavam o dedo.
Colhemos o que plantamos
Todos nós já sabemos que nós colhemos o que plantamos, mas pouca
gente se questiona sobre o que está realmente sendo plantado. Hoje eu
refleti um pouco sobre essa questão do colher o que se planta e concluí
que existem situações onde o que disseram que você plantou não foi
realmente o que você plantou. Relembrando o exemplo que abre este
artigo, quando um dono de papelaria fixa o preço em um produto ele não
está pensando em prejudicar essa ou aquela pessoa. Da mesma forma,
quando ele abre o seu próprio negócio, ele também não espera favorecer
de forma especial este ou aquele cliente. O empreendedor simplesmente
vai lá e abre o seu negócio da melhor maneira como pode e, no percurso
de desenvolver o seu negócio e fazê-lo crescer, inevitavelmente comete
alguns erros. Todos os erros são nossa responsabilidade, mas só
realmente colhemos aquilo que plantamos. Se algo não foi plantado por
nós (ou pelo menos não enxergamos como tendo sido plantado por nós),
então não podemos fazer a colheita.
Os erros precisam acabar
Está certo que cometemos vários erros ao longo das nossas vidas, no
entanto é preciso dar um basta neles. Quando enxergamos que erramos
podemos até ficar fulos da vida, mas a melhor resposta que podemos dar
para os nossos próprios erros é dizer não para as próximas oportunidades
de errar. Em já cometi diversos erros no gerenciamento das minhas
empresas, sejam elas de que época forem. Do início da carreira até
agora, cometi diversos erros, mas apesar de alguns clientes terem sido
prejudicados, 95% deles ficaram satisfeitos com o trabalho que fiz.
Olhar para os erros é uma das alternativas para se olhar a situação, mas
pedir desculpas por esses erros e olhar pra frente não aceitando novas
propostas naquele tipo de trabalho onde não se teve boa capacidade de
gerenciamento, talvez seja o melhor que um empreendedor possa fazer pela
sua carreira. Veja porque:
- Você dá toda a sua atenção aqueles 95% de clientes (ou de tipos de clientes) que aprovaram o seu trabalho.
- Você assume a sua incapacidade e se torna mais forte naquilo que já sabia fazer bem.
- Você permite que o mercado fique melhor deixando empresas boas atuarem naqueles 5% do mercado que você não atendia bem.
É importante lembrar que como em todas as relações da vida, umas
pessoas saem machucadas, relações viram fumaça e que nós realmente
iremos colher os erros que plantamos, mas não se pode ignorar o fato de
que na estrada da vida, seja como empresários, empregados ou escravos,
somos todos aprendizes uns dos outros. É importante olhar esta questão
de erros e acertos desse modo porque não somos, de forma alguma, nem os
algozes da humanidade e tampouco os salvadores da pátria. Vamos acordar
porque nem eu ou você, somos a última “bolacha do pacote”.
Antes de sermos empreendedores, somos humanos e, como tais, temos
licença para errar, mas não podemos nos abalar. Quem se abala, permanece
preso a um passado que já foi, enquanto quem se desculpe e assume suas
incapacidades olha pra frente procurando novas oportunidades para
aprender.
Este artigo pode ser encontrado no original aqui, e é de autoria de Marcos Rezende, microempreendedor, blogueiro, escritor, coach e palestrante.
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